Neste meu porto ancorada
Com muito do meu passado
Tenho um arquivo sagrado
Num canto desta Jangada
Guardo nele as alegrias
Das boas recordações
Momentos de fantasias
Em dossiers de paixões
Tenho resmas de saudade
Cadernos de sentimentos
Atados com bons momentos
Em pastas de felicidade
Tenho em folha separada
Sonhos, por mim inventados
Em noites sem madrugada
Por insónias sustentados
Tenho no porão da Jangada
Fechado com sete pregos
Um destino de nós cegos
De uma meada empessada
São parte da minha vida
Com percurso em labirinto
Das angústias que hoje sinto
Desejo vê-la esquecida
Tenho nas marés da Ria
Com águas em movimento
Que lavam dia após dia
As mágoas do pensamento